IV Feira de Tecnologia Farmacêutica apresenta produtos fitoterápicos inovadores
7 de dezembro de 2021
Alunos do 10º período de Farmácia apresentam seus projetos para a comunidade e para os jurados. Foto: Caroline OliveiraDa porta do espaço multiuso da Unidade Nazaré já era possível sentir o cheiro de essências e raízes, que anunciava a realização da IV Feira de Tecnologia Farmacêutica. Dentro da sala, os alunos do 10º semestre de Farmácia apresentaram para a comunidade e para um grupo de jurados, os projetos em que trabalharam no decorrer de quase dois anos: esfoliante produzido com caroço de açaí; sabonete e loção cicatrizante feitos a partir da semente do jucá; e espuma para higiene íntima em que o principal ingrediente é o marupazinho.O evento aconteceu na última quarta-feira, 1 de dezembro, e contou com a apresentação de 13 projetos, que vêm sendo desenvolvidos desde o 8º período. “No 8º semestre os alunos selecionam uma planta medicinal que irão trabalhar e o produto que será desenvolvido a partir da planta selecionada. No 9º período, eles testam os métodos de quantificação e de controle de qualidade e, somente no 10º semestre é que eles desenvolvem o produto e expõem seus resultados. Além de trabalhar a metodologia de aprendizado baseado em projetos, a Feira é um caminho para que eles também se tornem empreendedores”, explicou a coordenadora do curso de Farmácia, professora Andréa Diogo.Reconhecidas - Todas as plantas utilizadas nos produtos fazem parte da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais do Sistema Único de Saúde (Rename SUS) e têm suas propriedades fitoterápicas comprovadas, como é o caso do jucá. Encontrada, principalmente, nas regiões Norte e Nordeste, esta árvore que pode atingir até 20 metros de altura é conhecida por ter ativos antioxidantes, anti-inflamatórios e anti coagulantes e, é o ingrediente principal de um kit compostos por sabonete, solução e loção manipulados pela equipe da aluna Laurierica Rodrigues.“Escolhemos o jucá porque ele é muito utilizado por pessoas com ferimentos ou lesões na pele e a partir da vagem da planta, produzimos o extrato utilizado nos produtos. A princípio, o nosso foco era o paciente diabético, porém, no decorrer do estudo, percebemos que a planta servia para outros pacientes, pelo seu poder cicatrizante. Desenvolvemos estes produtos para tentar fazer a incorporação deles na parte fitoterápica do SUS, para atender quem precisa de cuidados após algum ferimento”, enfatizou a integrante da equipe.Sustentável - A elaboração dos produtos da Feira também leva em consideração o critério da sustentabilidade e foi com foco no reaproveitamento do caroço de açaí, que a equipe da estudante Isabele Guimarães elaborou um sabonete cremoso esfoliante do fruto. “Hoje, quando se pensa em cosmético, consideramos a sustentabilidade e o meio ambiente. Ao pensar nestes quesitos, optamos pelo esfoliante de açaí que valoriza o fruto da região amazônica e utiliza o açaí por completo, sem descartar o caroço”, ponderou.Para produzir microesferas esfoliantes, o caroço do açaí passou por um longo processo de trituração e retirada das fibras, até atingir o tamanho ideal. “Foram três meses triturando, até conseguirmos a granulometria adequada para o produto. Além do caroço de açaí, ele também leva a manteiga de cupuaçu, que é outro insumo local, e age como um emoliente, melhorando a hidratação da pele. Foi um trabalho enriquecedor, porque colocamos em prática, todos os procedimentos aprendidos ao longo da graduação, até a produção da embalagem ideal”, avaliou Isabele.Parecido com uma cebola e de cor vermelho escuro, o marupazinho é o principal ingrediente de uma espuma de limpeza íntima, produzida pelas alunas Laise Barbosa e Raiany Patello, que iniciaram o cultivo da planta em casa. “O marupazinho é uma planta rica em propriedades dermatológicas e popular no tratamento de hemorragia e hemorróidas. Ele teve bons resultados na análise biológica, manteve o pH da área e a sua cor, muito intensa colaborou para não usarmos corantes na formulação”, explanou Raiany.Concurso - Com base nos critérios de sustentabilidade, inovação e apresentação visual, um time formado por representantes das farmácias de manipulação Homeobel Center e São Lucas, da empresa de cosméticos Juruá e do Serviço de Apoio à Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), avaliou e selecionou três trabalhos de maior destaque. O júri elegeu: gel antiinflamatório de gengibre, como o produto com melhor identidade visual; sérum capilar de guaraná, como produto inovação; e o sabonete cremoso esfoliante de caroço de açaí, como produto sustentável.Egressa do Cesupa e engenheira de Produção, Thainá Marques trabalha com o controle de qualidade na Homeobel Center e foi uma das juradas do evento. Para ela, atividades como a Feira são oportunidades dos estudantes expandirem seus conhecimentos em futuras áreas de atuação. “A Feira nos mostra que a Farmácia não precisa se ater apenas à elaboração de cosméticos, mas também é possível ir para a área alimentícia e buscar conhecimentos não somente na sala de aula", concluiu.Texto: Gisele Nogami com revisão de Laura Quaresma07 de dezembro de 2021