Programa Amazon Hacking desenvolve soluções tecnológicas para movimento de mulheres empreendedoras da Amazônia
9 de março de 2023
Estudantes dos cursos de Computação visitam a sede da MMIB, em Cotijuba. Foto: Caroline OliveiraFoi dado o start para o segundo Amazon Hacking, que é um programa de formação de estudantes dos cursos de Ciência e Engenharia da Computação, que tem como objetivo desenvolver habilidades e competências interdisciplinares focadas na solução de desafios para preservação da biodiversidade e valorização de comunidades tradicionais na Amazônia, promovendo a integração entre a academia, as empresas e a comunidade. Nesta edição, que tem o tema “Empreendedoras da Amazônia: Construindo Tecnologias Sustentáveis e Criativas para o Movimento de Mulheres das Ilhas de Belém”, os 200 alunos envolvidos iniciaram as atividades com uma imersão na Ilha de Cotijuba, onde conheceram a sede e os projetos desenvolvidos pelo Movimento das Mulheres das Ilhas de Belém (MMIB).Fundada em 1998, o Movimento conta com mais de 80 associados, sendo que 70% dos membros são mulheres. Por meio do trabalho coletivo feminino, o grupo apoia as produtoras locais, promovendo ações de manejo sustentável de produção orgânica da priprioca e hortaliças; oferta atividades de lazer e vida saudável para idosos; além de produzir biojóias, confeccionadas com sementes coletadas na Ilha, e papel artesanal, feito com fibra da bananeira e priprioca. A associação também tem parceria com grandes empresas, para a comercialização da priprioca e tucumã, também produzido em Cotijuba.“Este ano, buscamos iniciativas voltadas para bioeconomia na Amazônia, desenvolvidos por mulheres empreendedoras e tivemos a oportunidade de conhecer o MMIB. Durante os próximos meses, os alunos de Engenharia e Ciência continuarão desenvolvendo as propostas de soluções tecnológicas sustentáveis e criativas para a sócio biodiversidade amazônica, estimulando o desenvolvimento de produtos e serviços que apoiem comunidades tradicionais e a manutenção da floresta em pé”, explicou o professor Marcos Paulo de Sousa, coordenador das disciplinas Projeto Integrado do curso de Ciência da Computação. “A experiência do Amazon Hacking tem causado um impacto impressionante nos nossos alunos, uma vez que permite que eles coloquem em prática suas habilidades técnicas e experimentem os problemas locais das comunidades”, de acordo com o professor Pedro Girotto, coordenador das disciplinas de Projeto Integrado da Engenharia da Computação.A partir desta visita e do relato das associadas, os estudantes identificaram as necessidades da associação e iniciaram o desenvolvimento de produtos tecnológicos que apoiarão as atividades realizadas pelo MMIB. A principal demanda do Movimento é a divulgação do MMIB nas redes sociais, já que, mesmo com mais de 20 anos de atuação, o grupo ainda é pouco conhecido, especialmente pela população de Belém.Aluna do 3º semestre de Ciência de Computação, Isadora Oliveira participou da sua primeira atividade de Projeto Integrado e teve a oportunidade de conhecer a Ilha de Cotijuba. “A visita trouxe uma nova sensação: a de ser capaz de fazer uma mudança, e estar presente em seu desenvolvimento. Lidar com as pessoas e suas necessidades é uma parte crucial do nosso estudo, e eu, como mulher na área de STEM, senti-me feliz ao poder não só fazer a diferença, mas poder fazê-la para mulheres”, avaliou.Programa - O Amazon Hacking é um programa que nasce da Computação Amostra, o maior evento de Computação do Cesupa, e sua principal proposta é conectar empresas comprometidas com a sustentabilidade amazônica; a comunidade local e todo o seu conhecimento tradicional; e o conhecimento científico e tecnológico dos alunos e professores de Computação da instituição, em prol do desenvolvimento bioeconômico da região.O programa conta com uma metodologia de aprendizagem chamada Jornada, que possui três ciclos: imersão, mentoria e entregas ágeis. No primeiro deles, as equipes de alunos participam da vivência para compreender as oportunidades e os desafios das comunidades. O segundo ciclo é o momento da troca de experiência entre os estudantes e os mentores que representam as empresas parceiras. Os mentores avaliarão as soluções propostas, a partir da visão de mercado, agregando empreendedorismo às propostas. Já o último ciclo é acompanhado por professores-tutores, de diferentes disciplinas, que orientarão as equipes no desenvolvimento de múltiplas habilidades e competências ao longo das entregas de artefatos (código-fonte, documentação, etc.), utilizando o framework ágil scrum, de gerenciamento de projetos.Mentorias - Diferente do Amazon Hacking realizado em 2022, nesta edição foram priorizadas as participações femininas, como mentoras de negócio, entre elas, Márcia Costa, gerente executiva de Serviços de Infraestrutura Tecnológica da Vale. Para ela, o projeto ajuda a desenvolver a conscientização quanto ao pilar ESG (Environmental, Social, Governance) e prepara novos talentos. “Como mentora, espero contribuir com uma análise crítica da geração de valor (financeiro, humano e social) das soluções que virão a desenvolver, além de inspirar a diversidade na carreira de STEM e abrir espaço para mais futuras líderes mulheres", reforçou.Larissa Sato, diretora da GSA Consultoria Educacional, também é uma das mentoras e avalia que o Amazon Hacking ajuda no desenvolvimento de novas competências e habilidades. “Acredito que posso contribuir, trazendo o olhar de uma mulher da TI, especialmente em relação às soft skills, que são fundamentais para pensar soluções que efetivamente estejam alinhadas com a melhoria da qualidade de vida da comunidade que está sendo atendida”, disse.A visão de mulheres programadoras, em meio a um universo predominantemente masculino, voltada à resolução de um problema vivenciado por mulheres empreendedoras, também deve ajudar as equipes a desenvolverem seus projetos sob outras perspectivas, na opinião da mentora Beatriz Alcântara, gerente de projetos da VoxData. “O Amazon Hacking proporciona a oportunidade dos alunos olharem e vivenciarem os problemas da sociedade amazônica, tornando-os profissionais atentos a desigualdades sociais em seu meio. Como mentora, espero poder contribuir com meu conhecimento técnico de produção de software e compartilhar minha visão de mulher programadora na cidade de Belém”, frisou.A opinião também é partilhada pela mentora Luana Oliveira, engenheira DevOps da Jambu Tecnologia. “A Jambu Tecnologia tem assumido compromisso com o desenvolvimento regional com impacto social, sustentabilidade e inovação. É uma honra contribuir, apoiando a jornada pelo desenvolvimento de ideias de cunho tecnológico viáveis para nossa gente e apoiando as mulheres empreendedoras na Amazônia, afirmou.Para a mentora Raquel Braz, que é product owner de projetos da Idopter Labs, os principais desafios das equipes são comunicação, prazo de entrega e organização de prioridades. “Como lido com esses desafios diariamente, espero contribuir com essa visão para os alunos, tanto neste trabalho universitário, quanto em suas carreiras profissionais, e com a comunidade que está sendo apoiada”, ponderou.As entregas das equipes serão apresentadas na XIX Computação Amostra que acontecerá entre os dias 22 a 26 de maio.Texto: Gisele Nogami09 de março de 2023