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Evento dos cursos de Computação reúne egressas para fortalecer a presença feminina na área


15 de março de 2023


Foto: Caroline Oliveira

Na semana em que se celebrou o Dia Internacional da Mulher, os cursos de Ciência da Computação e Engenharia de Computação do Cesupa se propuseram a debater as dificuldades enfrentadas pelas mulheres para garantirem seu espaço e as conquistas obtidas, nessa área de atuação considerada majoritariamente masculina. Para isso, o evento contou com a palestra da coordenadora dos cursos, professora Alessandra Natasha Baganha, e reuniu um time formado por egressas que compartilharam suas experiências com um público formado por calouros e calouras dos dois cursos.

Os números apresentados pela professora Alessandra Natasha confirmam que os cursos da área de tecnologia são prioritariamente compostos por pessoas do sexo masculino: em 2023, dos 350 alunos matriculados em todos os semestres dos cursos de Computação, apenas 4% são mulheres, o que equivale a 14 pessoas. Os dados da instituição são um reflexo de números nacionais. De acordo com o Senso da Educação Superior 2021, apenas 14,8% dos concluintes dos cursos de graduação nas áreas de Computação e Tecnologia da Informação eram do sexo feminino. Algumas das razões para essa baixa presença seriam o estereótipo de que os cursos são masculinos; dificuldade em disciplinas básicas como matemática, dificultando a compreensão de assuntos mais complexos; falta de estímulo familiar e de referências femininas na área; e ainda, pouca confiança e resiliência.

“Como mulher da Engenharia, sou de uma geração em que não existia esse tipo de diálogo, sobre a presença feminina na tecnologia. Tive que aprender que a autoconfiança da mulher nessa e em tantas áreas, precisa vir de dentro para fora, para lidar com inúmeras situações que nos ocorrem em sala de aula, entre os colegas e no mercado de trabalho. Como coordenadora dos cursos, com o apoio das professoras e professores, realizamos um trabalho para fortalecer e incentivar que as alunas sejam protagonistas das próprias histórias na graduação e fora dela”, pontuou Alessandra Natasha.

Egressa do curso de Engenharia de Computação, durante a graduação, Lohanne Miranda precisou lidar com uma gravidez não planejada e pausa temporária nos estudos. “As pessoas achavam que eu não voltaria, após a gravidez. Não só retornei, como me uni a mais duas mulheres da turma e ainda fui um dos destaques acadêmicos da minha turma. Na faculdade, nós somos a minoria, e, justamente por este motivo, desde o início somos incentivadas a sermos protagonistas e nos destacarmos”, frisou em seu momento de compartilhar as experiências. Além de Lohanne, o bate-papo contou com a participação da também egressa de Engenharia Mairley Ribeiro, e das egressas de Ciência da Computação Anne Beatriz Gonçalves, Isabelle Tavares, Caroline Bol e Isabelle D Paula.

Calouras - Foi inspirada pela presença de mulheres na tecnologia, que a caloura de Ciência da Computação, Lisa Crispino, optou pelo curso. “Há algum tempo atrás, tive uma aula de computação  e, embora eu não soubesse exatamente como as coisas funcionam, aquilo me empolgou. Pesquisando, descobri muitas mulheres que também faziam aquilo e escolhi a Ciência para usar a tecnologia para algo em que eu possa ajudar a humanidade”, explicou. Para ela, ouvir as experiências de quem já está no mercado de trabalho ajuda a orientar as suas próprias escolhas futuras. “Ouvir as egressas me deixou feliz porque me mostrou que não estou sozinha e elas viveram situações semelhantes às que eu tenho vivido. Saber sobre as conquistas delas também me incentiva a persistir”, disse esperançosa.

Influenciada pelo pai e pela irmã, ambos formados em cursos da área da Computação, e pelos filmes de ficção científica que assistia na infância, a caloura Ana Clara Martins escolheu o curso de Engenharia de Computação com o intuito de colocar em prática as tecnologias que via no cinema. Mesmo tendo um círculo de amizades composto por maioria masculina, a aproximação com mulheres que já concluíram a graduação, reforçou a importância de expressar as suas ideias, independente dos julgamentos. “O bate-papo ajudou a identificar mulheres com histórias tão parecidas com a minha. Muitas vezes, sentimos dificuldade de nos expressar e compartilharmos essas ideias na frente dos homens, justamente por nos sentirmos julgadas, apenas pelo fato de ser uma mulher ou com receio de parecermos inexperientes. Mas, elas me ajudaram a perceber que não precisa ser assim. Muito pelo contrário, pelo fato da gente ser mulher, precisamos fazer com que a nossa voz seja ouvida e abrir caminho para nós mesmas e para outras que ainda virão”, enfatizou.

Divulgação - Ainda em celebração ao Dia da Mulher, a coordenadora dos cursos de Computação participou do programa “Tarde de Notícias”, da rádio CBN, na última quinta-feira (09/03). Sob o tema “Mulheres na Tecnologia e Inovação”, a professora Alessandra Natasha falou sobre as oportunidades de carreira na área, especialmente para as mulheres, e divulgou a maior feira de tecnologia do Cesupa, a Computação Amostra, que acontecerá em maio.

Texto: Gisele Nogami
15 de março de 2023